LITERATURA

SÉRGIO SANT’ANNA E MEIO SÉCULO DE LITERATURA

Premiado escritor será o homenageado de março da série de Depoimentos para a Posteridade do MIS / Museu da Imagem do Som.

Ora com pé na ficção, ora com requintes de realidade, o escritor Sergio Sant’Anna caracterizou-se ao longo de cinco décadas de trabalho por uma escrita marcante, mesclada à sensualidade e, por vezes, tecida em tom subversivo. Premiado e reconhecido nacional e internacionalmente, o autor será o próximo convidado do mês de março no projeto Depoimentos para a Posteridade do MIS / Museu da Imagem do Som – equipamento da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. O evento acontece na tarde do dia 27 de março (quarta-feira), às 14h, na sede da Praça XV.

Entre os escolhidos para a sabatina estão André Nigri (escritor, jornalista e crítico), Jorge Viveiros (editor), Gustavo Pacheco (diplomata e escritor) e Cláudia Fares (curadora, produtora de exposições, tradutora e editora). Vale lembrar que o auditório tem capacidade para 50 pessoas, por isso é bom chegar cedo para garantir o lugar. A entrada é franca.

Nascido em 30 de outubro de 1941, no Rio de Janeiro, Sérgio Andrade Sant’Anna e Silva estudou em colégio de irmãos maristas até se mudar para a Inglaterra, em 1953. O contista, romancista, professor e poeta retornou para Belo Horizonte em 1959, onde cursou Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, formando-se em 1966. Durante essa época passou a integrar o grupo dos escritores novos de Minas Gerais.

Colecionador de prêmios – só Jabuti já foram três – Sergio Sant’Anna lançou seu primeiro livro, “O sobrevivente”, em 1969. Considerado por críticos um escritor de vanguarda, Sérgio é responsável por cerca de 20 obras, entre contos, romances, novelas e poemas. Seu debut ocorreu logo após sua estada em França, onde fez pós-graduação até 1968 no Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Paris. O autor de 77 anos teve seu primeiro trabalho premiado com uma bolsa no International Writing Program, da Universidade de Iowa, Estados Unidos, onde morou até 1977, período em que produziu a obra “Notas de Manfredo Rangel, repórter” (1973) e os romances “Confissões de Ralfo – Uma Autobiografia Imaginária” (1975) e “Simulacros” (1977).

Atuou como professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro durante os anos de 1977 e 1990, período em que termos como ‘experimental’, ‘fantástico’ e ‘tabu’ passaram a figurar em críticas sobre o seu trabalho. Em 1982, ganhou seu primeiro Prêmio Jabuti com “O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro”, feito alcançado novamente em 1986, com a novela “Amazona”, e em 1997 com “Um crime delicado”. Já em 2003, com “Voo da madrugada”, foi agraciado com o Prêmio Portugal Telecom.

Inspirado em “A senhora Miss Simpson”, de 1989, foi lançado o filme “Bossa Nova” nos anos 2000. Porém o autor considera mais fiel à sua obra a adaptação “Crime delicado”, de 2005, baseada em obra homônima e dirigida por Beto Brant. Já “Um romance de geração”, peça escrita em 1984, ganhou as telas em 2008, dirigida por David França Mendes. Além das adaptações para o cinema, o contista e romancista já teve sua obra traduzida para diversas línguas, como o alemão e o italiano.

Sérgio Sant’Anna retornou a Praga em 2008 e dessa experiência retirou material para “O Livro de Praga: Narrativas de Amor e Arte”, de 2011. A obra foi ganhadora do prêmio Clarice Lispector de melhor coletânea de contos, concedido pela Biblioteca Nacional. Sua última obra, “Anjo noturno”, foi lançada em 2017.

SOBRE OS DEPOIMENTOS PARA A POSTERIDADE

Em 1966, o MIS-RJ, inaugurou o projeto Depoimentos para a Posteridade, inédito programa de história oral criado para preservar a memória de diversos setores da cultura nacional, tais como a música, a literatura, o cinema e as artes plásticas. Atualmente conta com um acervo de mais de mil depoimentos, com quatro mil horas de material, gravado em áudio e vídeo, de figuras notáveis, como Nelson Rodrigues, Tarsila do Amaral, Fernanda Montenegro, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Nelson Motta, Ary Fontoura, Antonio Fagundes, Nicete Bruno, Zezé Motta, Neguinho da Beija-Flor, Zeca Pagodinho, Paulo César Pinheiro, Daniel Filho, Geraldo Azevedo, Dori Caymmi, Zé da Velha, Riachão, Antonio Cicero, Ronaldo Bastos, Paulo Barros, Roberto Menescal, Cesar Villela e Joyce Moreno, entre outros. Vale lembrar que todas as gravações ficam à disposição do público, nas salas de consulta do MIS, 48 horas depois do término da entrevista.

SERVIÇO 

Local: Museu da Imagem e do Som do RJ – Praça Luiz Souza Dantas, 01, Praça XV.

Tel: (21) 2332-9499 | Data: 27 de março de 2019 (quarta-feira)

Horário: 14h | Entrada franca |Censura: Livre |www.mis.rj.gov.br